Oi amor,

   Mais uma vez eu te encontrei pela casa. Entre as minhas memórias encaixotadas e empoeiradas; entre aquelas fotos, aquelas camisas desgastadas, rabiscadas e tantas outras recordações, você apareceu claro e vivo.

   Depois de tantos anos eu ainda recordo como você era, cada linha sua. E mesmo depois de mudar, de crescer, você continua me surpreendendo como antigamente, reaparecendo e me dizendo que nunca vai me deixar... tarde demais. Ainda não aprendi a ler seus textos tão presentes sem sentir sua falta. Até hoje eles não perderam o sentido, mas eles não têm fim. Agora eu entendo, meu anjo, esse mundo não era para você, seu coração não poderia mesmo aguentar.

   "Oi amor, não me deixe, e por favor, não pense sobre isso sozinha".

   E pensar só, agora, é só o que eu posso fazer... lembrar de você.

   Você levou o que só você soube fazer: me matar de vergonha, de orgulho e me matar de saudade depois de nove anos longe... eu ainda daria tudo para te ver só mais uma vez. O meu mar... meu. Meu sorriso... tudo que era meu. Não quero essa dor, mas parece que é só o que fica, quero minhas memórias claras, mas não sei mantê-las eternas. E quantas vezes eu te procurei... quantas vezes eu lembrei de você... 


   E eu te encontrei, ou você me encontrou, não sei... mas foi tarde demais. Você não está mais aqui. Meu mar se fechou para sempre.  

   Agora eu não tenho mais você para ensinar, escutar, falar, amar e viver. Mas eu vou esperar o dia de te encontrar, esperar por você para me dizer o que fazer, meu anjo. 

   Saudades eternas... 

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