Como é que as coisas mudam e a gente não percebe? Um dia a gente fala - no outro também, e no outro... -, a gente brinca e não pensa no que o outro vai achar, se vai "bolar", se vai ficar ou se vai embora... A gente nem pensa no que pode acontecer depois. Ou pensa... mas ainda é cedo demais pra se preocupar. Deixa descer morro abaixo.

   Depois de um certo tempo, quando parecia que o certo seria tudo se tornar mais simples, mais natural. Não. Se torna cada vez mais difícil conversar, tudo deve ser milimetricamente falado, nada pode sair do controle; uma linha tênue, mas muito segura de si. Sem cobrança, sem apelo... tudo ainda é bricadeira, mas agora tem um subtom de verdade. Antes tudo poderia ser dito sem que existesse medo nem retrocesso. Agora não.

   A ausência incomoda, a presença faz medo à rotina... a rotina assusta a simplicidade... mas isso era beeem antes. A rotina. Ela já veio de muito tempo atrás e ninguém percebeu, e se percebeu não se importou. Deixou levar.

   E quando tudo muda, cada dia meio cheio se torna meio vazio. Falta toda aquela cordialidade, os assuntos sem assunto. Parece até piada. Mas é da ausência que nasce e cresce. Do vazio que por necessidade se fantasia o outro, transformando-o em um exemplar perfeito de você mesmo e do que você deseja que o outro seja. 

  "A ausência é a melhor presença". Dá cuirosidade a imaginação.

   Vontade de falar "Se for pra ser como sempre é, por que não ser feliz agora?"

   Depois eu vou dizer mais uma vez: "Eu te avisei. Tarde demais".
   Cansando disso.
"I don't care if it hurts

I want you to notice
When I'm not around
You're so fucking special

What the hell am I doing here?"*
A gente só percebe o que é importante quando a gente já não é mais importante pra o que a gente percebeu.
 
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