"Ai meu coração, esse é o ônibus deles, ele está aqui."
Ela dizia enquanto entravam...
Essa poderia, de fato, não passar de mais uma frase das centenas de fãs que existiam daquele lugar, todas agitadas para ver o que para ela era incomumente natural dele. Tantos gritos e olhares como se existisse mesmo uma disputa, onde quem levasse o prêmio, levaria também a fama tão cobiçada.
Nem havia ido aquele lugar para isso, nem sabia que ele, seu pesadelo de cada dia que despertava, estaria lá para assombra-la. O que deveria ser apenas mais uma noite incomum de domingo se tornara algo muito mais sólido, onde cada um de seus movimentos seriam notados pela plateia estranhamente posta em cima do palco e pelo conhecido de sempre que lhe olhava sempre que acreditava no não flagrante.
Ela saíra do seu conforto. De que valeria aquela pulseira - que agora parecia até incomodar, apertando seu pulso, como se devesse mesmo não está ali - quando ela não a faria chegar mais perto dele?
Desceu escoltada pelas amigas que tentavam lhe dar força e fazer tudo aquilo parecer natural. Aguentaria o show, até ele acabar. Dançar, dançar, dançar... Mas nada se comparava ao que ele fazia tão consciente quanto alguém que apunhala pelas costas.
Já havia durado demais, era hora daquilo tudo acabar. Porém faltava aquela música de melodia tão conhecia. Ela não deveria ter feito parte daquele repertório, era lenta demais, caia bem demais. Mas mais uma vez ela foi pega de surpresa, a noite ainda não estava perdida, ela havia ganhado a semana, talvez o mês... o ano?
Ele nem deveria está cantando aquilo, tudo encaixava perfeitamente. Mas como se não bastasse ainda existia aquele outro amigo, aquele que sempre tenta entregar/estragar tudo. Estragar as tentativas de esquece-lo entregando para quem aquela música estava sendo cantada.
"Ahhh..." As amigas gritavam juntas.
Aquilo foi sim um coração... e foi para ela.