Tão fora da realidade quanto as coisas que ele dizia enquanto ela tentava não adsorver. Coisas que fluíam nos seus ouvidos tão sólidas quanto fumaça... Coisas que ele dizia enquanto ela sabia que devia mandar ele se calar.
Todo dia brincado como se tudo aquilo não fizesse nenhum sentido, como se ela não rezasse todos os dias para ele não chegar mais perto. Desculpas agora não iam adiantar, tarde demais, pensasse antes de dizer exatamente tudo o que ela queria escutar.
Dia sim, dia não alguma coisa lhe arrancava um pedaço da certeza que ela tinha semanas atrás de que tudo já estava tomando seu lugar de origem. Mas a origem do seu problema chegara com ar de amizade, como se quisesse mesmo esse tipo de vínculo. Aquele tipo de conversa não era natural, não para pessoas como eles, não agora.
- “E o que você quer afinal?”
Com algum direito - e alguns goles a mais - ele pede o que para ela soou como música. Mesmo que aquilo não fizesse sentido nenhum, -“porque isso tudo agora?”. E -“não, você não pode”, ele não tinha esse direito, e nem se seu motivo fosse mesmo convincente ela cumpriria, da mesma forma que agora quebra outra promessa - de que não escreveria - agora mesmo. Quantas vezes ela havia visto o que agora ele brincava de dizer que não queria ver? Quantas vezes ela ainda veria? Ela não havia decidido, algo havia sido empurrado para dentro sem sua permissão.
- “E se o peixe se apaixonasse pelo Pardal?”
Hipoteticamente falando...