O Sol que entrava pela cortina incomodava seus olhos, mesmo que eles ainda estivessem fechados. O cheiro das flores já murchas, lhe causava náusea, a fazendo lembrar aos poucos o que havia acontecido.
Algo mais do que só mãos, lhe segurava ali, tentando mostrar que ainda não era a hora, implorando para que reagisse. O aperto firme umedecia seus dedos. Suor e lágrimas.
As faixas nos seus pulsos pesavam em sua memória. A causa dos seus ferimentos era o que lhe prendia; era o que tirava o peso dos seus olhos, fazendo-os abrir para provar a si mesma que aquilo tudo não era ilusão. Os raios que antes feriam seus olhos, agora contornavam o corpo a sua frente, esculpindo na sobra, uma áurea clara.
A sua miragem tinha os olhos fixos nos seus, como se ao menor movimento tudo pudesse acabar sem ter, certamente, um fim. As lágrimas corriam pelo seu rosto ao ver que ele estava realmente ali, lhe segurando como se pudesse mantê-la acordada por mais tempo. Aquela era a cura para todo hematoma emocional, mas os cortes haviam deixado seu corpo frágil demais. O sangue era insuficiente para deixá-la ter mais uma chance, mas corria sob suas veias a medida que ele se aproximava.
O cheiro da vela que queimava, agora a deixava entorpecida enquanto sua pressão subia. Seu último suspiro foi interrompido pela boca aparentemente quente. Um último beijo enquanto ela sentia seu coração pulsar mais lento, batidas antes de desfalecer e nos braços dele não mais acordar.
Ele: antídoto e veneno.