A Cura


O Sol que entrava pela cortina incomodava seus olhos, mesmo que eles ainda estivessem fechados. O cheiro das flores já murchas, lhe causava náusea, a fazendo lembrar aos poucos o que havia acontecido.

Algo mais do que só mãos, lhe segurava ali, tentando mostrar que ainda não era a hora, implorando para que reagisse. O aperto firme umedecia seus dedos. Suor e lágrimas.

As faixas nos seus pulsos pesavam em sua memória. A causa dos seus ferimentos era o que lhe prendia; era o que tirava o peso dos seus olhos, fazendo-os abrir para provar a si mesma que aquilo tudo não era ilusão. Os raios que antes feriam seus olhos, agora contornavam o corpo a sua frente, esculpindo na sobra, uma áurea clara.

A sua miragem tinha os olhos fixos nos seus, como se ao menor movimento tudo pudesse acabar sem ter, certamente, um fim. As lágrimas corriam pelo seu rosto ao ver que ele estava realmente ali, lhe segurando como se pudesse mantê-la acordada por mais tempo. Aquela era a cura para todo hematoma emocional, mas os cortes haviam deixado seu corpo frágil demais. O sangue era insuficiente para deixá-la ter mais uma chance, mas corria sob suas veias a medida que ele se aproximava.

O cheiro da vela que queimava, agora a deixava entorpecida enquanto sua pressão subia. Seu último suspiro foi interrompido pela boca aparentemente quente. Um último beijo enquanto ela sentia seu coração pulsar mais lento, batidas antes de desfalecer e nos braços dele não mais acordar.

Ele: antídoto e veneno.

Rascunho:

Ontem (?)

Distorção do pensamento. O que passou e se esvaiu...

"Atitudes. Porque palavras o vento leva."

Antes de ontem, mês passado... ano passado. Passado.

Eu, eu, eu, eu, eu. Construcionismo.

Altruísmo. [risos]

Deixar o passado pra depois.
"Quem dera tenha sido."*
Epítome: nada.

"liberdade é tanta, que SUFOCA."*

Vivendo a distancia da vista alheia...

Tentando entender como funcionam os pensamentos que parecem acéfalos. O caminho trilhado foi o errado: rodeado de pedras, tropeços e quedas. Como as feridas abertas das crianças que correm tão livres, inconscientes do que vem depois. Dedos e joelhos cortados, mas livres.

Inconscientemente 'não'... inconsequentemente de mãos dadas, entrelaçados... de mãos atadas. Sorrindo incontrolavelmente da beleza dita em forma de problemas, decisões tomadas na obscenidade da cama desprovida do preenchimento desejado e recusado.

Feliz e acabado por não pôr um fim, e também não ser sim, por ser por acaso, apenas por ocasião.

Ambos lados desonestos, fazendo das palavras medidas injurias imensuráveis, fazendo da vida um jogo onde os parceiros vivem numa competição em que ninguém ganha.

E um observador esperando, escutando; pesando e medindo palavras, frases, sons e tons...

 
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