A novidade

Não dá saber em que ponto exatamente tudo desandou.

Para ela isso até demorou demais, ela estava acostumada a se sentir assim. Não adiantava dizer àquela menina que ela era melhor que isso. Desde quando ela se importa com o que os outros falam? E o que é a beleza afinal? Ela estudou pra ser desse jeito. E ela fez muito bem o dever de casa: “Vou deixar tudo com está”. Ela repetia para si mesma quando ele a olhava como se tivesse sim alguma coisa para falar.
“Onde está a razão daquilo que me diz para não desistir?”.
São como - irritantes - sinais que colocam o nome dele em lugares inesperados: nos créditos dos filmes, nos livros que ela lê, nos contos... Até na traseira de um caminhão ela já havia visto; é como se alguém cochichasse no seu ouvido “Lute!” Mas o mais perto que ela chegou de uma luta foi xingar a TV ou procurar uma pedra para jogar no vidro do caminhão. Ela já está cansada demais, não há mais força para lutar.

Na verdade ela nunca tentou, se entregou ao jogo dele. Deixou que ele fizesse tudo que queria, que lhe mostrasse tudo que achasse necessário para que ela soubesse que ela não passava de mais uma. Ele sabia que tinha o poder de lhe fazer mal, e não poupava esforços para mostrar o quanto fazia isso bem. Ela também era uma boa jogadora, mas para ela, ele infringia as regras, trapaceava. Então ela preferia não entrar no seu jogo baixo, se entregou ao seu próprio flagelo.

“”Quando a gente tá junto...” O que mesmo?”. Isso era uma música? Ele cantou isso mesmo? Estava bêbada demais para lembrar do que realmente tinha acontecido. -“Aconteceu, é sério?”. Perguntava à amiga que lhe confirmava: - “Eu acho que sim, vocês sumiram”. Ela tinha mesmo estado com ele. Ela se esforçava para lembrar de algum detalhe, mas sua memória falha demais lhe pregara outra peça. Ela não lembrava de quase nada. “Como aconteceu?”. Essa pergunta ficou sem resposta. Ela se negou que algo acontecesse naquele lugar movimentado, talvez por vergonha de aceitar ser mesmo só mais uma, então ninguém havia visto, mas claro, todos sabiam.

“Tudo bem, eu não sofro mais por esse tipo de coisa”. Ela agradece a Deus todos os dias por ser tão calculista. Principalmente agora que realmente tudo esta findado. Pelo menos para ela. “Vai passar, sempre passa”. Hoje isso soa como mantra na sua cabeça, enquanto aguarda o momento de se desvencilhar de vez do intruso que paralisou o tempo em que eles não estão juntos.

Começo do fim

Era uma vez...

Brincadeirinha infeliz!

Tudo começa quando ela entra em um lugar novo, ela não conhece ninguém daquele lugar estranho, com tanta gente estranha. Mas um olhar chamou sua atenção... Era um olhar de alguém que não parecia fazer parte daquele grupo, alguém que se molda para estar entre eles. Também um olhar comprometedor/comprometido. E como ela havia se prometido: "nada dessas coisas do coração". E o estranho só passa.

Com o estranho passaram os anos, para ser mais claro: dois e meio...

Como o tempo se atreve a voar desse jeito? De repente já era Agosto de novo!

Como um bom discípulo de Maquiavel, ela esperou o momento para acabar com a vontade. E por maldade ele também foi bem esperto chegando junto na hora certa... Errada! Como ela daria tudo pra ele não ter chegado - tão - perto. Ele nem imagina o quão imensurável foi a força dela naquele momento... Ela precisou de muita concentração pra continuar falando com as outras pessoas o que realmente importava, alguma coisa contra a lei que ia chegar. Ela falava pra si mesma: "Os olhos... Não o sorriso, não a boca. Os olhos!". E mais uma vez o tempo lhe traiu, os dois minutos se resumiram em alguns sorrisos correspondidos e um olhar meio: "Nós dois sabemos o que realmente estamos fazendo aqui". O que ia chegar não apareceu. - "Ele foi preso!", ela ouvia alguém contar sobre o tal cara da tal coisa que infringia as regras.

Ela voltou para o seu lugar de sempre com as amigas de sempre, aquela mesa do canto onde a cadeira era estratégicamente posicionada, como qualquer menina que se preze faz. E naquele momento seu único alucinógeno era a lembrança do sorriso e daquilo mais que lhe puxava como um imã...

Daí... Deu-se a desgraça!

 
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